A arte é a prova de que a vida não basta!

domingo, 3 de julho de 2011

Perceber

Quando comecei a entender que as almas são uma variedade de coisas, e que essas almas estão aí, tocando minh’alma, e quando parei de conceituar as coisas, que não passam de coisas, e porque essas relações me atravessam e me transformam, foi nesse momento que percebi minhas responsabilidades. Foi nesse exato momento que tive a maior vontade de viver, que procurei os cheiros e sua embriaguez, que cacei as cores e suas tonturas, foi nesse momento que desliguei toda percepção tosca, e que no mesmo momemnto pude perceber tudo toscamente vivo, e que essas sensações me eram felizes e várias e simples, simplesmente complexas e inteligíveis, e as pessoas e suas várias coisas, e os sentidos e minhas várias felicidades. Toda explosão de imagens sem nenhuma circusntância. Acho que foi aí que aprendi a amar.
Amei os bichos, as aves – que me parecem outra espécie de bichos -, amei as escritas, e também as vozes, as vozes mais altas e alegres, as vozes quase inimagináveis de gente alta que fala alto. Amei os parentes, e descobri porque amo meus pais. Amei as crianças e suas fragilidades frágeis. Amei as conversas no fundo de quintal com alguém tão natural e cotidiano quanto o sol, como as estrelas, que vivas no céu brilham quando possível, e a vida de vez em quando é assim, quando é possível. Amei as nuves, as passageiras e as que trazem chuvas. Amei as pessoas que são como nuvens.
Olho pro céu e a vida continua passando, a terra não é mais o centro e tudo bem se é assim, o mundo vai continuar girando se meus olhos ficarem vidrados no espelho. Existe algo fora que preciso descobrir, pois descobri que só a razão não dá conta, nem tudo será dito, mas tudo terá seu lugar, nem tudo vai, mas muita coisa vai ficar.
A vida é um elástico que vai, que muda de forma, que prometia desde o princípio, que rompe limites, mas que acaba por ter o mesmo material: gente.